A Comparação Sociológica do Pensamento
Durkheim, em Relação ao Pensamento de Max Weber
PARAÍSO DO NORTE / 2014
O pensamento de Emile Durkheim e Max
Weber
Se observarmos hoje de um modo geral, o sistema
educacional do Brasil em pleno séc XXI, têm cumprido seu papel, ou função
social dentro da sociedade? Após tantos livros, artigos e textos sobre a prática
educacional e sua função social, e depois de inúmeras lutas por liberdade e
melhorias na educação, a escola e a faculdade tem trabalhado as competências
dos indivíduos, visando capacita-los a serem cidadãos ativos e participativos
na sociedade, agindo de forma critica e responsável? Tem motivado e
proporcionado a estes estudantes as ferramentas necessárias para que eles sejam
construtores da própria história?
Pode-se observar que a educação por vezes é
movida e direcionada por motivos que estão além dela. Desde o inicio com o período Jesuítico, onde
os interesses religiosos estavam acima dos educacionais, passando pela reforma
protestante, que enxergou uma oportunidade de salvação da cultura e das
tradições, pelo período do golpe militar onde a educação visava garantir uma
ordem socioeconômica, chegando aos dias de hoje, onde os interesses políticos e
capitalistas estão nas entrelinhas de todo o processo. Observando pela sociologia,
pode-se dizer que estes fatos históricos, fazem referencia ao pensamento de
Emile Durkheim (1858-1917). O sistema educacional brasileiro passa por diversas
fases e períodos, porém, em cada um destes, ele é coagido a agir de acordo com
os padrões pré-estabelecidos por uma força maior. É quase que como uma herança
genética, impregnada no sistema, que não lhe dá liberdade de escolha. Muito
embora, cada um destes períodos tenha a sua contribuição para a educação, dificilmente
o sistema consegue se libertar e criar asas para formar uma sociedade onde cada
indivíduo, em todos os âmbitos, com suas ideias e pensamentos, seja o
protagonista da história.
Para Durkheim, a sociedade precede o
individuo, no processo educacional, isto significa dizer que, os educadores
enquanto formadores de opinião não tem total liberdade de ensinar o que acham conveniente.
Eles precisam corresponder as expectativas de um governo que rege as leis que
direcionam o conteúdo a ser desenvolvido.
Outra forte evidencia do pensamento de
Durkheim dentro da educação, se da no âmbito dos educandos. Cada um vem com a
sua própria realidade social, que para Durkheim, tem o poder de decidir que tipos
de alunos vão ser. Baseados na forma como nasceram, como foram criados, de
acordo com a família, o bairro que moram, a vizinhança que têm, Tudo se
evidencia como fato social, que, para ele vai ter total influência no
rendimento e histórico escolar do individuo.
Durckhein defende que o individuo não tem
condições de escrever sua própria história, para ele somos o que somos em
decorrência do lugar que nascemos e vivemos. Em alguns aspectos ele não deixa
de ter razão. Mas com este pensamento ele limita o poder de decisão do ser
humano, reduzindo-o a um ser dominado, sem condições de pensar e escolher,
designando-o fruto do meio.
Já segundo o pensamento de Weber (1864-1920)
a sociedade é a soma da particularidade dos indivíduos. Seu pensamento parte do
individual para o grupal. Enquanto indivíduos, temos poder de escolher o que
ser e o que fazer, e estas escolhas formam a sociedade. Para ele o ser humano
tem condições de avaliar racionalmente antes de tomar uma decisão, assim sendo,
ele não precisa ser apenas uma reprodução do meio.
Analisando o processo educacional pela visão
de Weber, educadores e educandos tem a condição de construir uma história
diferente da que está sendo escrita.
A questão da escolha cabe ao individuo,
dependendo do seu querer e da sua consciência. Weber defende a visão de que, a
escola como uma instituição responsável pela transmissão da ciência empírica,
não deve dizer ao individuo o que ele deve fazer, na posição em que ela ocupa
deve apenas orientar o que se pode fazer.
Para ele a escola/faculdade, deve ser o lugar de estudar os problemas,
refleti-los e através disso, oportunizar a criação de resoluções e tomada de
atitudes, baseadas em seus próprios pensamentos. De uma forma geral, é o lugar
onde o individuo receberia bagagem e orientação, para pensar. Podendo assim
viver uma vida, com condições de assumir seu papel e sua posição dentro da
sociedade.
Porém, diante destas análises, podemos
concluir que o pensamento de Durkheim, é o que mais se aproxima da realidade do
processo educacional brasileiro. Bom seria se pudesse ser dito o contrário. Neste
caso nosso sistema educacional poderia ser o agente de transformação da triste
realidade social brasileira. Através da reflexão o individuo pode tomar
decisões mais sensatas, e mais humanas. A ausência da reflexão torna o processo
mecânico, automático, é o quadro do retrato da nossa sociedade que faz, “porque
todo mundo faz”. Não é preciso ter motivo, causa, razão, apenas se faz, se
reproduz. E assim nossa sociedade, assim como nosso sistema educacional vão
confirmando e provando que o pensamento de Emile Durkheim reflete, não o todo,
mas mesmo assim, muito da realidade humana.
Referência:
FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza. Sociologia
e Sociedade: Rio de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A.,1984
SOUSA,
Ana Célia Furtado Orsano de; FONTELES, Marcelino de Oliveira; SILVA, Oscarina
Maria da; Sociedade E Educação Em Max Weber. Disponível: http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/GT.4/GT4_3_2002.pdf
(Acesso em 12.09.2014)
Texto Complementar: As teorias sociológicas na
compreensão do presente. Uma outra maneira de ver a sociedade.
Por: Andreia Menezes Silva
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