terça-feira, 25 de outubro de 2016

A Comparação Sociológica do Pensamento Durkheim, em Relação ao Pensamento de Max Weber


A Comparação Sociológica do Pensamento Durkheim, em Relação ao Pensamento de Max Weber

PARAÍSO DO NORTE / 2014

O pensamento de Emile Durkheim e Max Weber



Se observarmos hoje de um modo geral, o sistema educacional do Brasil em pleno séc XXI, têm cumprido seu papel, ou função social dentro da sociedade? Após tantos livros, artigos e textos sobre a prática educacional e sua função social, e depois de inúmeras lutas por liberdade e melhorias na educação, a escola e a faculdade tem trabalhado as competências dos indivíduos, visando capacita-los a serem cidadãos ativos e participativos na sociedade, agindo de forma critica e responsável? Tem motivado e proporcionado a estes estudantes as ferramentas necessárias para que eles sejam construtores da própria história?  

Pode-se observar que a educação por vezes é movida e direcionada por motivos que estão além dela.  Desde o inicio com o período Jesuítico, onde os interesses religiosos estavam acima dos educacionais, passando pela reforma protestante, que enxergou uma oportunidade de salvação da cultura e das tradições, pelo período do golpe militar onde a educação visava garantir uma ordem socioeconômica, chegando aos dias de hoje, onde os interesses políticos e capitalistas estão nas entrelinhas de todo o processo. Observando pela sociologia, pode-se dizer que estes fatos históricos, fazem referencia ao pensamento de Emile Durkheim (1858-1917). O sistema educacional brasileiro passa por diversas fases e períodos, porém, em cada um destes, ele é coagido a agir de acordo com os padrões pré-estabelecidos por uma força maior. É quase que como uma herança genética, impregnada no sistema, que não lhe dá liberdade de escolha. Muito embora, cada um destes períodos tenha a sua contribuição para a educação, dificilmente o sistema consegue se libertar e criar asas para formar uma sociedade onde cada indivíduo, em todos os âmbitos, com suas ideias e pensamentos, seja o protagonista da história.

Para Durkheim, a sociedade precede o individuo, no processo educacional, isto significa dizer que, os educadores enquanto formadores de opinião não tem total  liberdade de ensinar o que acham conveniente. Eles precisam corresponder as expectativas de um governo que rege as leis que direcionam o conteúdo a ser desenvolvido.

Outra forte evidencia do pensamento de Durkheim dentro da educação, se da no âmbito dos educandos. Cada um vem com a sua própria realidade social, que para Durkheim, tem o poder de decidir que tipos de alunos vão ser. Baseados na forma como nasceram, como foram criados, de acordo com a família, o bairro que moram, a vizinhança que têm, Tudo se evidencia como fato social, que, para ele vai ter total influência no rendimento e histórico escolar do individuo.

Durckhein defende que o individuo não tem condições de escrever sua própria história, para ele somos o que somos em decorrência do lugar que nascemos e vivemos. Em alguns aspectos ele não deixa de ter razão. Mas com este pensamento ele limita o poder de decisão do ser humano, reduzindo-o a um ser dominado, sem condições de pensar e escolher, designando-o fruto do meio.

Já segundo o pensamento de Weber (1864-1920) a sociedade é a soma da particularidade dos indivíduos. Seu pensamento parte do individual para o grupal. Enquanto indivíduos, temos poder de escolher o que ser e o que fazer, e estas escolhas formam a sociedade. Para ele o ser humano tem condições de avaliar racionalmente antes de tomar uma decisão, assim sendo, ele não precisa ser apenas uma reprodução do meio.

Analisando o processo educacional pela visão de Weber, educadores e educandos tem a condição de construir uma história diferente da que está sendo escrita.

A questão da escolha cabe ao individuo, dependendo do seu querer e da sua consciência. Weber defende a visão de que, a escola como uma instituição responsável pela transmissão da ciência empírica, não deve dizer ao individuo o que ele deve fazer, na posição em que ela ocupa deve apenas orientar o que se pode fazer.  Para ele a escola/faculdade, deve ser o lugar de estudar os problemas, refleti-los e através disso, oportunizar a criação de resoluções e tomada de atitudes, baseadas em seus próprios pensamentos. De uma forma geral, é o lugar onde o individuo receberia bagagem e orientação, para pensar. Podendo assim viver uma vida, com condições de assumir seu papel e sua posição dentro da sociedade. 

Porém, diante destas análises, podemos concluir que o pensamento de Durkheim, é o que mais se aproxima da realidade do processo educacional brasileiro. Bom seria se pudesse ser dito o contrário. Neste caso nosso sistema educacional poderia ser o agente de transformação da triste realidade social brasileira. Através da reflexão o individuo pode tomar decisões mais sensatas, e mais humanas. A ausência da reflexão torna o processo mecânico, automático, é o quadro do retrato da nossa sociedade que faz, “porque todo mundo faz”. Não é preciso ter motivo, causa, razão, apenas se faz, se reproduz. E assim nossa sociedade, assim como nosso sistema educacional vão confirmando e provando que o pensamento de Emile Durkheim reflete, não o todo, mas mesmo assim, muito da realidade humana.

  

Referência:

FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade: Rio de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A.,1984

SOUSA, Ana Célia Furtado Orsano de; FONTELES, Marcelino de Oliveira; SILVA, Oscarina Maria da; Sociedade E Educação Em Max Weber. Disponível: http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/GT.4/GT4_3_2002.pdf (Acesso em 12.09.2014)


Texto Complementar: As teorias sociológicas na compreensão do presente. Uma outra maneira de ver a sociedade.


Por: Andreia Menezes Silva

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